Enfermeiras clamam por melhores condições
As deploravéis condições de trabalho, escassez de recursos humanos técnicos qualificados, o misero salário, que não consegue suprir as necessidades básicas da classe, constituem um aparente abandono do governo e falta de valorização ao sector da saúde.
Por : Coutinho Macanandze
O facto apurado arredores da cidade da matola, concretamente no centro de saúde da Machava II, onde vezes sem conta , são obrigados a aumentar a carga horária, devido a crescente procura pelo serviço, bem como morosidadade no atendimento resultante da fadiga extrema.
Cândida Bahane, é enfermeira , com apenas 25 anos de idade,solteira e residente naquela urbe, já lá vai um ano que abraçou a profissão, olha para um futuro incerto, onde o pouco dinheiro que recebe mensalmente, não cobre as despesas que tendem a crescer a cada dia que passa, tudo por culpa da conjuntura económica mundial, que está a agravar o nível de vida, através do aumento dos preços dos produtos de primeira necessidade e entre outros fenómenos sociais que norteiam os moçambicanos.
A nossa entrevistada, conta que a paixão pela medicina, nasce quando ainda criança, um vizinho médico, que trabalhava na altura no hospital central de Maputo, aparecia vestido de bata branca, o que despertou uma curiosidade na menor, decidiu aproximar aos oficios do visado e começou com os primeiros passos no sector da saúde. Com ela o sonho foi crescendo, o que culminou com a sua formação como enfermeira e hoje em exercicio naquela unidade sanitária.
“ Quando abracei a carreira pensava que um dia podia tornar-me auto-sustentável com o suor do meu trabalho, mas no terreno a realidade é outra, pois as entidades responsáveis pelo sector da saúde no país, mostram um certo desinteresse por ela, uma vez que o salário é magro, não se valoriza o esforço dos funcionários”, disse Bahane.
A fonte conta ainda que a morosidade no atendimento aos utentes, resulta por um lado da insuficiência de quadros técnicos qualificados e por outro lado de falta de incentivo pelo grande trabalho feito, visto que são obrigados a atender em média cerca de 200 á 300 pessoas ao dia, contra os 50 preconizados, o alargamento da carga horária que não é recompensado, o que acaba por criar uma certa insastifação do efectivo daquela unidade hospitalar.
Não obstante, a essas dificuldades enfrentadas diz que não vai abdicar da profissão, uma vez que exerce a mesma induzida de paixão, e que a sua grande tarefa passa por ajudar os utentes a superar as enfermidades.
Questionado em torno da morosidade no atendimento aos utentes, respondeu os doentes não olham no enfermeiro como humano, pois eles devem saber que estamos em número reduzido, o atendimento não é automático, devemos fazer um diagnóstico que não o prejudique, bem como outro factor que concorre para o efeito esta relacionado com a crescente onda da densidade populacional da urbe.
“ o meu apelo vai para todos os colegas, que não conseguem conter-se perante estas dificuldades, que acabam se envolvendo em acções de suborno para flexibilização do atendimento, o que vezes em conta acaba manchando o bom nome da classe, que tem sido autênticos herois, na luta contra as enfermidades”, comentou.
Vai mais longe, ao afirmar que o futuro dos profissionais de saúde é incerto, devido a falta de vontade política, para proporcionar aos agentes da saúde, condições de trabalho condignas e salário justo de acordo com o seu desempenho. Enquanto não haver uma valorização da classe, teremos um pessoal que vai apostar noutras formas ilicítas para conseguir satisfazer as necessidades primárias, concluiu.
Amélia Roque agastada com o sector da saúde
Por sua vez, a também enfermeira do banco de socorro daquela instituição hospitalar, Amélia Roque, disse estar agastada com o ministério, uma vez que é quadro efectivo há cerca de 23 anos, mas a pobreza esta não á deixa sossegada, uma vez até agora não ter feito nada resultante do suor do seu trabalho. Conta ainda que os anos passam, mas o salário este continua estático, progressão de carreira nem de binóculos.
Roque é obrigada a apertar o cinto para custear as despesas da familia, garantir a educação dos filhos e responder pelo transporte que tem sido um grande calcanhar de aquiles no seu quotidiano. Uma vez que é obrigada a acordar cedo e fazer ligações para tomar o autocarro para o trabalho, como forma de evitar os cortes do magro salário, derivado do atraso.
Contudo alerta ao governo moçambicano, para que façam a revisão das políticas saláriaias do sector, uma vez que não é possivel com mais de duas dêcadas de trabalho, não tenha beneficiado do aumento e muito menos progredir na profissão, ” este abandono do governo, deixa-me cada vez mais pobre e sem esperanças de um dia, possuir de condições aceitaveis para responder ao custo de vida que tende a ameaçar a cada moçambicano”, rematou a visada.