quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Chihango uma zona rural perdida na cidade de Maputo


Há quem diga que Chihango é um bairro rural perdido nas redondezas da cidade de Maputo, muito por culpa de suas características campesinas onde predomina o pastoreio do gado, cultivo da terra, pesca e desprovido de infra-estruturas sócias básicas, água, um líquido indispensável à vida das pessoas, rareia tal como a energia eléctrica, o transporte, escola, posto policial e de saúde para cuidados primários.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A pobreza reside na mente das pessoas afirma Leonardo

Leonardo Macamo, tem 34 anos de idade, pai de quatro filhos, natural da província de Inhambane, distrito de Vilanculos e reside actualmente no bairro da Zona verde, arredores na cidade da Matola, onde busca o meio de sobrevivência através da venda de artigos como zips, botões, linha de costura entre outros, e diz que só passa fome quem nada faz. 
Texto de: Coutinho Macanandze
Por mais que o país, seja pobre é necessário que todos nós façamos algum sacrifício para garantir no mínimo um pão, para matar a fome diariamente.
“Quando cheguei em Maputo, deixei o orgulho de lado e comecei a deambular pela cidade a vender artigos de bijuteria como ambulante e isto não tirou a minha dignidade, antes pelo contrário estava lutar para garantir a minha subsistência e mostrar as pessoas que carregar um saco, bacia ou caixa no mercado, é uma forma digna e honesta de vencer a pobreza”, comenta Leonardo. Para depois sublinhar que a pobreza só reside na mente dos moçambicanos que querem que o estado faça algo por eles.
O nosso entrevistado conta que, deslocou-se a cidade de Maputo, no longínquo ano de 1990, devido na altura da ocorrência da guerra civil, como forma de fugir dos ataques dos homens armados que o ameaçavam atacar a qualquer momento e olhavam na capital um local seguro para esconder-se.
A guerra dos 16 anos por um lado impediu Leonardo, de frequentar a escola ainda na tenra idade aliado ao facto de as condições financeiras não terem contribuído para que o mesmo se concretizasse.
Três anos depois, isto em 1993, muda de negócio por influência dos amigos e abraça a venda de botões, zips, linha de costura, defronte das lojas de tecidos no bairro do Xipamanine, seu meio de sobrevivência até então.
Conta que o seu capital inicial, foi de 200 meticais, que hoje se orgulha do trabalho que faz uma vez que construiu uma habitação na sua terra natal e é detentor de uma criação de gado caprino e uma terra extensa que herdou do pais então falecidos, o que deixou-o órfão dos pais desde 2008.
Diz que por não ter estudado ainda menor, abriu espaço para que cedo valorizasse o trabalho como seu grande ofício e principal meio de obtenção de dinheiro para pagar a renda de casa, alimentação, escola e vestuário.
 A falta de uma Fábrica dos produtos que comercializa no país tem sido uma grande dificuldade uma vez que é obrigado a deslocar-se a terra do rand (República da África sul), para compra-lo, acabando por tornar caro o negócio reduzindo e contribuindo para que não ganhe quase nada devido a oscilação da moeda sul-africana.
A taxa do transporte cobrada na fronteira é muito alta, o que por vezes faz com que abdique da alimentação para o trânsito da sua mercadoria.
A fonte conta que o negócio, só tem saída quando vendido defronte das lojas que comercializam tecidos, o que faz com que estes se instalem próximos desses centros comerciais, acabando por disputar o passeio com os munícipes daquela zona periurbana.  
Questionado sobre a necessidade de venderem numa banca com condições mínimas para o fazer, retorquiu, “ Não vale a pena, porque os clientes compram tecidos nas lojas e a  sua saída compram os nossos produtos e  se assim acontecer será o fim do nosso ganha pão”.
No entanto, Leonardo tem a tarefa de estar duplamente vigilante, isto é, atender os clientes e observar se não vê diante de ti um polícia municipal para o retirar do passeio, por isso, exige dele flexibilidade para arrumar as trochas e correr com ele ao ombro.
Na capítal moçambicana, reside numa casa alugada á 800 meticais mensais, valor que segundo ele é razoável, uma vez que consegue vender ao mínimo entre 300 a 500 meticais diários, dinheiro suficiente para satisfazer  as suas necessidades básicas e da família que se encontra a residir em Vilanculos.
O grande desafio do Leonardo, passa por apostar na formação dos filhos e de si mesmo, bem como melhorar as condições para alargar o nível do volume do negócio, coisa que a guerra e a pobreza retardaram para si.
 Apesar da idade avançada, o nosso entrevistado encontra-se a frequentar a 9ªclasse, na escola Secundária da Zona verde com o propósito de materializar o teu sonho de infância que passa por especializar-se na reparação de automóveis, ou seja, mecânica.
“Chega de estarmos a murmurar e culpar o governo, porque a pobreza esta reside na mente das pessoas, e não devem esperar que oportunidades de emprego caiam do céu, porque nós é que criamos tais oportunidades”, rematou Leonardo.
Conta ainda que a distância o impede de cuidar, educar e usufruir do carinho dos filhos, mas sublinha que o pouco tempo que tem estado com os menores aproveita ao máximo.
Contudo não descarta a possibilidade de um dia vir a ser um grande criador de várias espécies de gado, com particular enfoque o gado caprino e ovino, uma vez que terra para pastagens tem de sobra.
Leonardo, deixa um conselho a todos cidadãos nacionais, que devem deixar de lamentar, choramingar pelos cantos esperando que o governo faça tudo por nós, temos é que arregaçar as mangas e trabalharmos em prol do desenvolvimento social, humano e económico de Moçambique.         

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A interação entre Fé e Razão

 A interação entre Fé e Razão
The Holy Father next explains the proper interaction between faith and reason and between philosophy and theology. O Santo Padre explica a próxima boa interação entre fé e razão e entre filosofia e teologia. Philosophy is the study of ultimate truth under the natural light of reason. Filosofia é o estudo da verdade suprema sob a luz natural da razão. Theology is the study of the Catholic faith with revelation as its first principles. Teologia é o estudo da fé católica com a revelação de seus princípios. The purpose of theology is to permit a greater understanding of the faith so that it can be grasped more firmly (n. 93). A finalidade da teologia é a de permitir uma melhor compreensão da fé de modo que ela pode ser agarrada de forma mais firme (n. 93).

Razão

Razão
Man can know that God exists by reflecting on creation. O homem pode saber que Deus existe, refletindo sobre a criação. As we read in the Book of Wisdom, “From the greatness and beauty of created things comes a corresponding perception of their Creator” ( Wis. 13: 5, cf., Rom. 1: 20, n. 19). Como lemos no Livro da Sabedoria: "A partir da grandeza e da beleza das coisas criadas, chegar ao conhecimento do seu Criador" (Sb 13:.. 5, cf, Rm 1. 20, n 19). “If human beings fail to recognize God as the creator of all, it is not because they lack the means to, but because their free will and their sinfulness place an impediment in the way” (n. 19). "Se os seres humanos não conseguem reconhecer Deus como o criador de tudo, não é porque eles não têm os meios, mas porque a sua vontade livre e pelo seu pecado um impedimento no caminho" (n. 19).

The Church received the ultimate truth about human life as a gift of love from God the Father in the revelation of Jesus Christ. A Igreja recebeu a verdade última sobre a vida humana como um dom do amor de Deus Pai, na revelação de Jesus Cristo. “God so loved the world that he sent his only Son…” (Jn. 3: 16). "Deus amou tanto o mundo que enviou seu Filho unigênito..." (Jo 3, 16). Christ is the Way, the Truth and the Life (Jn. 14: 6). Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6). The true meaning of life, therefore, is a person: Jesus Christ. O verdadeiro significado da vida, portanto, é uma pessoa: Jesus Cristo. The truth communicated by Christ is the absolutely valid source of the meaning of human life (n. 12). A verdade comunicada por Cristo é a fonte absolutamente válido do significado da vida humana (n. 12). The ultimate answers to man's questions about pain, suffering of the innocent, and death are found in Christ's Passion, Death and Resurrection (n. 12). As respostas definitivas às perguntas do homem sobre a dor, o sofrimento do inocente ea morte são encontradas em Death Paixão de Cristo, e Ressurreição (n. 12).

Os Ensinamentos do Papa João Paulo II

Os Ensinamentos do Papa João Paulo II: Resumos de documentos papais por John E. Fagan sucintamente resume principais documentos do Papa com ênfase nas questões de interesse para os leigos. It is perfect as an introduction or as a quick reference guide to John Paul II's voluminous writings. É perfeito como uma introdução ou como um guia de referência rápida para volumosos escritos de João Paulo II.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Eneas da Conceição Comiche fala da sua vida politica

1.Quando é que desperta a sua consciência política, ou seja, quando e em que circunstância desenvolve o sentimento de revolta contra o regime colonial português?
Esse sentimento de revolta contra o regime colonial português fui ganhando no dia-a-dia à medida que crescia. Era o tratamento discriminatório na escola, nos passeios, nos locais de diversão, nas salas de cinema e mesmo nas lojas onde íamos comprar bens de consumo, em que os cantineiros colonos tratavam melhor os seus cães do que os seus clientes pretos.

Lembro-me de que, certa noite, fui acusado de ter roubado não sei o quê de uma loja que se situava a escassos metros da casa dos meus pais no bairro de Chamanculo. Meteram-me na cadeia do Bairro Indígena.

No dia seguinte, de manhã cedo, fui levado a pé, amarrado com outros presos, caminhando pelas ruas da cidade de Lourenço Marques, percorrendo toda a Av. Angola, passando pela Av. 24 de Julho, até chegarmos ao Comando da Policia, no sitio onde ainda funciona. Senti uma grande humilhação e revolta contra a injustiça perpetrada e pela impotência de nada poder fazer. Já era aluno do ensino secundário o que para o cantineiro analfabeto era inconcebível. Sabia através dos meus pais e meus tios a humilhação por que passaram.

Fui membro do NESAM – Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique, onde desempenhei as funções de Tesoureiro. Aqui, vencemos preconceitos tribais, aprendemos a valorizar a nossa cultura, ganhámos maior consciência de que moçambicanos eram explorados e ganhámos maior revolta contra o jugo colonial.

Nós tínhamos ali, no Núcleo, o berço do nacionalismo moçambicano. Foi aí que nos apercebemos de que éramos moçambicanos e que estávamos a ser subjugados. Foi aí que começamos a conhecer as nossas origens, um passo imprescindível para a nossa libertação.

2.Foi dos poucos moçambicanos que se formou no tempo colonial, em Portugal. Que momentos e recordações guarda dessa época?
Foi, porém, quando tive oportunidade de continuar os estudos em Portugal, que se foi consolidando a minha formação política. Aqui, tive contacto com companheiros moçambicanos, angolanos e outros, na Casa dos Estudantes do Império.

Fui desenvolvendo a consciência de nacionalismo africano. Essa consciência de nacionalismo africano foi-se desenvolvendo naturalmente entre nós de colónias diferentes, unidos na tentativa de encontrarmos formas de luta política contra o sistema colonial português.

Em Portugal, vivíamos num ambiente de tensão devido a provocações sistemáticas, através de violação de correspondência e perseguições constantes da PIDE. Esta, estava por todo o lado, mesmo nas universidades. Escutava as nossas conversas mesmo ao telefone. Para conversarmos à vontade, devíamos antes verificar quem é que estava ao nosso lado, quer nas residências, nos cafés, nas paragens de transportes, quer nos nossos encontros na CEI.
 Lembro-me que tínhamos encontros numa casa localizada na Alameda das Linhas de Torres. Aí, realizávamos também grandes debates políticos entre pessoas seleccionadas mas, muitas vezes, as nossas conversas transpiravam cá para fora.

Durante o curso universitário no Porto, aderi a trabalho político clandestino, de entre estudantes progressistas, de contestação e denúncia à guerra colonial. Este grupo estava ligado à colecção de antologias “Afrontamento” e à “Cooperativa Confronto”.
Na qualidade de Governador do Banco de Moçambique, participei na elaboração do Programa de Ajustamento Estrutural, conhecido por Programa de Reabilitação Económica e Social, que foi implementado com sucesso, Foi iniciada a reforma do sistema cambial, bem como a reforma do sistema financeiro, tendo licenciado os primeiros bancos estrangeiros a casas de câmbio.

Fiz parte ainda na elaboração da legislação sobre a conversão da dívida moçambicana, relativa a empréstimos e financiamentos registados oficialmente, em investimentos, na elaboração de Lei do Investimento Privado Nacional, estive em frente de delegações que negociaram o reescalonamento da dívida externa moçambicana com o Clube de Paris e com o Clube de Londres, tendo sido concluído com sucesso a operação de debt buy back da dívida comercial de Moçambique e também fiz parte das delegações que negociaram com o Banco Mundial financiamentos para projectos e programas.
Na qualidade de Governador do Banco de Moçambique, participei na elaboração do Programa de Ajustamento Estrutural, conhecido por Programa de Reabilitação Económica e Social, que foi implementado com sucesso, Foi iniciada a reforma do sistema cambial, bem como a reforma do sistema financeiro, tendo licenciado os primeiros bancos estrangeiros a casas de câmbio.

Fiz parte ainda na elaboração da legislação sobre a conversão da dívida moçambicana, relativa a empréstimos e financiamentos registados oficialmente, em investimentos, na elaboração de Lei do Investimento Privado Nacional, estive em frente de delegações que negociaram o reescalonamento da dívida externa moçambicana com o Clube de Paris e com o Clube de Londres, tendo sido concluído com sucesso a operação de debt buy back da dívida comercial de Moçambique e também fiz parte das delegações que negociaram com o Banco Mundial financiamentos para projectos e programas.

Como, Ministro das Finanças contribui para o início da reforma fiscal visando o aligeiramento da carga fiscal e o alargamento da base tributária, a elaboração de legislação fiscal atractiva ao investimento nacional e estrangeiro, nomeadamente do Código de Benefícios Fiscais.

Tive a nobre missão de imprimir maior racionalidade na realização de despesas públicas, em particular na redução dos gastos com a defesa, promoção do programa de privatizações, mobilização de recursos externos para o financiamento do Programa de Reabilitação Económica e Social e a reintegração económica e social dos desmobilizados no âmbito do Acordo Geral de Paz, na qualidade de Chefe de delegação do Governo na Comissão de Reintegração.

Comandante da polícia municipal da Cidade de Maputo abusa do poder

Um grupo de funcionários da direcção da polícia municipal de Maputo, acusa o comandante de estar a fazer promoções, despromoções, desrespeito aos oficiais e chefes de ramos desta polícia, nepotismo, assédio sexual em troca de promoções e nomeações arbitrárias, desvio de bens apreendidos e perseguições aos agentes que tentam denuncia – lo, entre outras.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Promoção da igualdade

Promoção da igualdadeA igualdade, na perspectiva de direitos humanos, é sinónimo de direito ao respeito e reconhecimento da condição humana de todos. As leis dos Estados e do Sistema Internacional, particularmente, que têm um vínculo com os direitos humanos, estampam o valor de igualdade, como um direito inegociável.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Incêndio no paiol de Malhazine

Incêndio no paiol de Malhazine
Segundo informações colhidas no local, o fogo foi provocado por uma idosa que na altura encontrava-se a lavrar uma pequena machamba próximo do quartel, o que acabou por alastrar o fogo para o interior do paiol e não causou males aos moradores das redondezas.

Lágrimas da Vida

 Lágrimas da Vida

Nestes dias…
A dor amanhece em ventres mendigos,
O peito se entristece de vazio e o silêncio permanece

Nestes dias…
Lágrimas se exaltam
Águas da vida oferecida a nós:
 Nós que vivemos,
 Nós que vamos morrer.

Nestes dias,
O amor se foi – foi o amor e quem virá?
O amor cala-se e vinga-se.

Nestes dias…
Choramos – lágrimas nossas e lágrimas do mundo.
Choram deuses e diabos
Santos e malditos
São dores da mesma geração:
 Geração de outrora e não destes dias.

Nestes dias…
Nem nós, nem eles
Nestes dias nem ninguém.


Nestes dias,
Lacrimejamos vivos sob o silêncio doloroso do além
E além de nós só a morte



De: Eduardo Quive

Rua Araújo


De: Eduardo Quive - Maputo

Antes dissera-se com muita fama que havia um santuário carnificínico nas manhas de Maputo, a cidade grande, onde muitos homens se encontram. Uns para melhorar a vida, outros só para viver a sabor, a frescura e desgraça que se tornou numa graça dos deuses diabólicos.
Mas Maputo fora também cidade de mulheres, umas complementando a vida boa que os homens tanto alegavam haver no Ka Mpfumo, outras, eram mesmo a voz do sacrifício. Munidas de trouxas na cabeça, com a ponta da capulana sufocando as poucas notas que garantem o mutlutlu, para famílias numerosas.

Rua Araújo é também Maputo. É Ka Mpfumo, também. Muitos mares desviados do trajecto desaguam lá. Rua Araújo fora uma carnificina que comia tudo quanto mulher, mas também engolia quando podia os homens sexuados.

Xiluva também fora lá parar, na ambição da própria carne, que é fraca, mesmo com coração de pedra de tanta firmeza. Tudo duro mesmo. Como os verdadeiros Nkomanes e filhos daquelas terras fartas de desgraças deste mundo que é hoje.
- Não se faz mais mhamaba, não se faz mais invocação aos deuses, tudo era mesmo. Tudo já era – invocam-se os adultos, na voz a sabor da dor que se exalta com a sua pele de velhos.
Mas nem com isso. Tudo fora mesmo com outros Nhankwaves. Os verdadeiros desuses, já não existem, todos tombaram na frustração de ver os seus filhos a trocar Ucanhu, por cerveja e de a valorizarem tanto que não entornam quando escurece para dizer “cokwane Mevasse, sou eu Nambita, kanimambo vovô, por ter tirado todo mal de mim. Toma aí fole e um pouco de tontonto.” Conta a velha Xinengane, a herança do Deus me livre.
Contara isso de propósito a D. Destina, para de seguida perguntar.
- Kotile?
Calasse a mulher indignada com o propósito e pertinência em que se invoca tal nome daquela que fora sua filha antes de Antoninho decidir ser vivente das minas, mulumuzana das ma zulu. Desde que fora naquele século, só manda cartas, “mas há-de morrer cedo” diz D. Destina em pensamento alto de dor.
- É quem que vai morrer cedo?
- Nada vovô! Nada. Não é ninguém não. – Responde com voz de ni tsikli. Na saudade da sua solteirisse, que não lhe dá o direito de justificar-se a alguém.
Tal solteirisse se exalta em Nikotile, que vai saciando a fome masculina dos homens no Ka Mpfumo.
Deixou-se comer na carnificina de Rua Araújo e agora só ficou com uma coisa. Tal coisa que não lhe serviria em Deus me livre, por isso embora a saudade espreitasse seu coração em nenhum momento devia para lá voltar.
Escurece. As trevas se instalam no caos da avenida. É hora de ir a putaria.
Nikotile, enxuga as suas lágrimas com ânimo da sua primeira actividade laboral. Sai para Rua Araújo de simples vestido de Cai-cai que ganhara de presente na única vez que cortara o bolo do seu aniversário, cinco anos antes dos 16 que já tem.
Kotile é virgem.
Kotile vira das mais puras donzelas da descendência dos Nkomanes, parte vizinha com outros viventes do Deus me livre, mas saíra de lá numa aventura desconhecida e de para quedas veio cair na cidade que hoje lhe oferece emprego. Emprego de impurezas. Serviço de se entregar por metical aos homens!
Atravessa o alcatrão com chinelos de pipoca sem fazer barulho. É noite. A noite é sagrada em Nkomane. É sagrada em Deus me livre também. Por isso não pode fazer barulho. Os deuses não gostam. “A noite não é para cria”, recorda nos silenciosos passos de fé que dá até quando chega.
Sandra. Mulher de longos anos de trabalho com larga experiência no trabalho e funcionária de muito respeito na Rua Araújo, põe-se a recebe-la com gestos de bem-vindo. De seguida, manda-a mudar de roupa. O traje não fora com o estilo de trabalho que arranjara com tanta facilidade na cidade que muitos homens sofrem para encontrar trabalho e muitas mulheres vivem de vender amendoim torrado, pão e badjia, camarão e peixe frito na rua.
Mas Nikotile tivera sorte dos Deuses que a protegem. Teve trabalho logo-logo.
Chega no pequeno quarto improvisado para assuntos de suprema rapidez. Estranha o cenário molhado que caracteriza o lugar. Cheiro de homem e carne fria, suor e gemidos de gente grande. Olha para outro lado e vê só camas e postes improvisados. Não tem mala com roupa. Nem mesa nem cadeira nem nada. É só cama, e cheiro de homem misturado com cheiro de carne descosida, fervida ao calor.
Tenta controlar-se para não fazer perguntas. Mas não aguenta!
- É aqui mesmo… – e não para de observar com estranheza.
- Sim. Você vai trabalhar aqui. Fique feliz porque é o melhor. Muitas meninas não têm quartos por aqui e acabam tudo nas escadas emprestadas pelos guardas a cinquenta meticais por cada viagem!
- Quer dizer que vou viajar também? – Pergunta inocentemente.
- Menina. Você não veio aqui para brincar. É para trabalhar… e mais… viagem foi jeito de falar contigo. Toca a mexer. Manda vir o primeiro! - Grita para outro lado por onde vem um homem!

Pequeno Glossário
Mutlutlu – Caril (geralmente feito com maior simplicidade de ingredientes)
Ka Mpfumu – nome tradicional da cidade de Maputo.
Tontonto – aguardente.
Ukanhu - Bedida de Canhu!
Ni Tsiki – Deixa-me.
Mulumuzana – Chefe de Família!
Mhamba – Kuphalha – acto de invocar espírito antepassados.
Kanimambo – obrigado

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Violência urbana um mal que tira sono as cidades moçambicanas

Violência urbana um mal que tira sono as cidades moçambicanas

Em diversos bairros pertencentes as cidades capítais das províncias moçambicanas, a violência tem sido um verdadeiro carrasco as populações. Porque os malfeitores já não precisam da noite para prácticar agressões, fisicas e psicológicas.

Texto: Coutinho Macanandze

O mais caricato é o conceito de paternidade que vai se desanuviando com o passar do tempo, porque parte dos pais, tem sido verdadeiros criminosos dos seus próprios filhos. Queimando, torturando, violando sexualmente a sua própria semente e entre outras atrocidades.

Não será esta a degração acentuada de valores morais, no seio da sociedade moçambicana?como evitar a violência se vivemos o trauma desde os primeiros dias de vida até durante o nosso processo evolutivo. Talvez seja a questão de agirmos sem pensarmos, a cada dia que passa ouvem-se relatos de filhos abandonados, pessoas linchadas, assassinatos a sangue, roubos sem precedente e a polícia, coitada não pode fazer nada devido a boa organização dos prevaricadores.

Para evitar este cenário, precisamos socializar o homem a viver segundo os designios da vida, não se apegar as coisas da vida, isto é, a busca incessante pelo dinheiro e a paixão exacerbada pelos bens materiais. Estes factores so deformam a mente humana, agem por emoção, perdem a sensibilidade humana e tornam-se seres crueis, isto é, o homem vira lobo do homem, para apoderar dos pertences que o outrém adquiriu graças ao seu suor.

Talvez não temos noção da gravidade do impacto produzido pela violência no seio das famílias moçambicanas, vamos a definir a violência urbana o que será?    

Violência urbana é um fenômeno da sociedade de comportamento agressor e transgressor que       ocorre dentro do convívio da sociedade urbana.

Ela não compreende apenas os crimes, mas todos os actos que interferem nas regras de bom convívio entre as pessoas.

Esse tipo de violência tem uma forte presença em países que demonstram um mau funcionamento nos principais controles da nação como, controles políticos, sociais, e jurídicos.

Em países portadores destes males, de profundas desigualdades sociais, fragilidades nas suas instituições, desigualdades econômicas, terão com freqüência a ocorrência de crimes graves, tráfico de drogas, troca de tiros, assaltos, linchamentos, e demais. Sem falar também dos desrespeitos com relação às normas impostas pelo Estado. Como evitar a violência urbana se grande parte da população tem o que fazer e o estado este nada faz para estancar o índice de propagação do desemprego e do apoio social aos que carecem.

 Isso denota que o maior fomentador da violência urbana é a fome e o estado que não dá oportunidade a estas almas para produzirem nas extensas terras que o país possui e inaproveitadas sei lá porque.

Estratégias não exequiveis não garantem a sustentabilidade ambiental

Estratégias não exequiveis não garantem a sustentabilidade ambiental

(Fonte: Micoa). Texto: Coutinho Macanandze
Como todos sabemos em 2007, foi aprovado pelo governo, a Estratégia Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável de Moçambique (EADS-Moç), a aprovação do Plano de Acção de Adaptação às Mudanças Climáticas e do Controlo e Combate à Erosão de Solos e Queimadas Descontroladas, assim como, a conclusão do Inventário Florestal Nacional, a criação da Unidade do Meio Ambiente e elaboração da Estratégia para a Gestão Ambiental no sector de Energia a incorporação da componente ambiental nos planos de actividades de outros sectores governamentais, como a Agricultura, Obras Públicas a Habitação, Saúde, Turismo, Pescas, Energia, Saneamento urbano e Indústria entre outros.

Ignorância médica leva a cegueira

Ignorância médica leva a cegueira
Muitos pacíentes com problemas de vista tem ignorado a consulta médica, correndo ao mercado adquirir os óculos, sem saber que além de combater a cegueira, estão a acelerar o processo da perda da visão.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Qualidade de serviços de saúde continua deplorável na Machava

Qualidade de serviços de saúde continua deplorável na Machava
O movimento contra a tuberculose, da cidade da matola, diz que a qualidade de serviços de saúde naquela urbe, continua longe de responder com celeridade as preocupações das comunidades, derivado da falta de pessoal qualificado e articulação deficiente entre os serviços laboratoriais e programas da tuberculose.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Louvores à Gabriel Chiaú

Gabriel Chiaú hoje com 75 anos, é músico desde os seus 20 anos!
Chiaú é filho de Ruben Chiaú um dos maiores percursores da língua ronga, aliás, foi Ruben que ajudou a criar ortografia daquele idioma.
Gabriel, tal como os outros músicos seus contemporâneos, combateu o colonialismo com a única arma que tinha ao seu dispôr, o canto!
Chiaú sempre disse “não” à aculturação! Chiaú já na década 60 ia a Rádio Clube de Moçambique e perante o olhar de soslaio das autoridades coloniais, cantava ora “xilengalenga” ora “Mayezana” e todas suas canções eram na xirhonga puro e tinham sempre ritmos genuinamente moçambicanos!
Uma das grandes virtudes de Gabriel Chiaú é introduzir instrumentos modernos em ritmos tradicionais!
Durante a era colonial, as bandas tinham um cunho racista, existiam as que eram compostas maioriamente por mestiços e outros por brancos, Chiaú sempre esteve do lado da sua cor ora no conjunto Harmonia ora no conjunto Khwe.Khweti nome que “enfurecia” os colonizadores uma vez que transmitia uma ideia de mudança, com efeito, Khwe-kweti é a alvora, facto que intrigava o colono, pois pretendia saber que é Alvora era essa! Pois transmitia a ideia de ansiar claridade...
Aliás, algumas bandas moçambicanas da época, ostentavam nomes que transmitiam a ideia de que os moçambicanos queriam sair da noite colonial. Para além do Khwe-kweti, existia o não menos famoso conjunto Djambo, que significa sol!
A razão da escolha de Gabriel Chiaú para embaixador da 3ª Idade é o facto de ser um dos músicos idosos mais emblemáticos de todos os tempos e influente, facto que fêz com que no ano 2010 tivesse sido galardoado com o “Prémio Carreira”, um dos troféus mais prestigiados do Ngoma Moçambique.
Ser o músico que as suas canções viraram clássicas do concioneiro nacional, com efeito, tem sido citadas em várias teses de licenciatura em musicologia ou outras ciências ligadas à música, para além de são adaptadas em partituras para orquestra, à exemplo da Filarmónica do Maputo e da Orquestra estadunidense que recentemente escalou Maputo!
Músico que a sua canção é de intervenção e anda de boca em boca;
Idoso com velhice activa que apesar dos seus 75 anos apresenta-se aprumado; defensor acérrimo da causa da 3ª Idade,  é de Gabriel Chiaú a celébre frase “ Porquê reformados deformados?” numa clara  contestação ao facto de nalgumas empresas o trabalhador não passar à reforma mesmo tendo labutado os 35 anos previstos na lei, isto é, só passa à reforma quando já não consegue trabalhar! Chiaú já sofreu na pele o edaismo ao ser lhe indeferido o seu pedido de empréstimo no Banco! Facto que elucida de forma eloquente a odisseia porque passa a pessoa da 3ª Idade! Um homen das artes, influente e que sofreu na pele o edaísmo!

A Ética Protestante e o espírito do capitalismo

A Ética Protestante e o espírito do capitalismo 
 Max Weber diz que os factores que estão por detrás do desenvolvimento económico na europa na idade moderna e a sua relação causal com as religiões de cada país. resulta de um questionamento sobre os motivos intrisicos que movem o indivíduo na idade moderna a desenvolver uma atitude não meramente capitalista, mas muito mais do que o que reflecte a imagem do capitalista, uma procura de lucro sempre renovado de rentabilidade dentro de uma ordem económica com utilização planeada de recursos materiais ou pessoais.
É nesta ordem de ideia que o autor fez um estudo comparativo a nível de todos continentes onde se observou um certo desenvolvimento moderno ou civilização moderna, principalemente no ocidente ou europa e oriente.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A fidelidade e a castidade são o meio infalível para prevenir a expansão do Sida

A fidelidade e a castidade são o meio infalível para prevenir a expansão do Sida

 A fidelidade e a castidade são o meio infalível para prevenir a expansão do Sida, afirmou esta sexta-feira Bento XVI ao receber os bispos de África do Sul, Botsuana, Suazilândia, Namíbia e Lesoto.

«Compartilho convosco vossa profunda preocupação pela devastação causada pelo Sida e as enfermidades relacionadas», disse o pontífice no discurso que lhes dirigiu em inglês.

Prevenção e Religião

Prevenção e Religião
Bem, este assunto ainda vem sendo um assunto com bastante conflito na igreja católica principalmente, mais ao meu ver a igreja está bem atrasada nos assuntos dos dias de hoje, nos tempos de hoje as pessoas estão tendo relações cada vez mais cedo mas não por não terem conhecimento porque hoje o que mais vimos são campanhas de prevenção, nas escolas na televisão etc...Mais ainda teriam que ter mais campanhas a favor da prevenção, apesar de muitas veses a falta de prevenção esta correlacionado com drogas e bebidas infelismente.Temos ainda que lutar muito contra a ideias como as da igreja e os jovens se conscientizarem que estão brincando com suas próprias vidas.

Conflito religião-prevenção-conflitos ou contribuições?

Conflito religião-prevenção-conflitos ou contribuições?
Algumas igrejas evangélicas já aceitam, e até oferecem, o preservativo. A igreja católica é a favor da abstinência e da fidelidade e discorda publicamente do uso do látex. Segundo pesquisa de comportamento, 80% da população sexualmente ativa se diz religiosa. Como considerar os valores religiosos e avançar na prevenção das DST/aids? As religiões podem trabalhar em parceria e ajudar nesse desafio?

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

GOVERNO INICIA COBRANÇA COERCIVA AOS DEVEDORES DOS 7 MILHÕES

GOVERNO INICIA COBRANÇA COERCIVA AOS DEVEDORES DOS 7 MILHÕES
O Governo da Província de Tete deliberou que os funcionários e agentes do Estado na condição de devedores do Fundo Distrital de Desenvolvimento, vulgo 7 Milhões, deverão reembolsar os montantes em dívida, através de descontos mensais a partir do salário.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Gestão deficiente das águas pluviais um dilema das nossas autarquias

Gestão deficiente das águas pluviais um dilema das nossas autarquias

Uma gestão deficiente das águas pluviais tem um grande potencial de causar erosão e, consequentemente, a perda de solo arável e potencial de reabilitação reduzido, assim como sedimentação do rio a jusante.

Contudo, está situação é notória um pouco por todos os municípios de Moçambique, onde todos alegam que a falta de dinheiro, material apropriado para lidar com este fenómeno e recursos humanos qualificados.

Lei do ambiente

 Lei do ambiente

A Lei do Ambiente (Decreto 20/1997 de 1 de Outubro) serve como estrutura da legislação ambiental para Moçambique. O seu objectivo geral é definido da seguinte forma:
“Artigo 2: A presente lei tem como objecto a definição das bases legais para uma utilização e gestão correcta do ambiente e seus componentes, com vista à materialização de um sistema de desenvolvimento sustentável no país.”

Quando olhamos para este instrumento legal, criado pelo governo moçambicano, que tem de facto uma intenção que poderia, fazer do território nacional, exemplo claro do uso racional e sustentável do ambiente. A realidade diz outra coisa, estamos a liderar pelo proteccionismo exagerado do governo as empresas exploradoras de diversos minérios, onde os estudos do impacto ambiental não são tornados públicos.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Jason Associate tenciona apoiar a economia emergente no país

Jason Associate tenciona apoiar a economia emergente no país
Com efeito foi lançado ontem, em Maputo, o projecto the talent city, que tem como propósito, apostar no mercado moçambicano como forma de apoiar a economia emergente nas suas necessidades de contratação e desenvolvimento de talentos.

TPM Quer adquirir 600 autocarros para cidade e província de Maputo

TPM Quer adquirir 600 autocarros  para cidade e província de Maputo

A Empresa Municípal Transportes Públicos de Maputo (TPM), com vista a responder positivamente a problemática da crise de transporte que assola a cidade e província de Maputo,
precisa de financiamento monetário não quantificado para a aquisição de 600 novos autocarros, de modo a solucionar o problema.

Quatro biliões de dólares para linhas férreas

Quatro biliões de dólares para linhas férreas
Escrito por noticias
Quatro biliões de dólares norte-americanos é o montante que a multinacional brasileira Vale acaba de anunciar estar disponível para implantar um sistema de logística integrada, que contempla a construção e reabilitação de vias férreas em Moçambique e no Malawi, visando viabilizar o escoamento do carvão mineral de Tete para exportação aos potenciais mercados asiáticos e americanos.

Infra-estruturas condicionam preparação do combinado nacional

Infra-estruturas condicionam preparação do combinado nacional
O seleccionador nacional, de basquetebol feminino, Nazir Salé está á braços com a falta de parques desportivos e o interregno de competições internas, factores que constituem uma pedra no sapato, uma vez que poderá afectar a prestação da selecção que afina as baterias para lutar por um lugar nos jogos olímpicos de Londres 2012.

Aduaneiros em esquemas de corrupção

Aduaneiros em esquemas de corrupção
Os vendedores informais estão a travar uma Guerra com as autoridades alfandegárias, devido ao aumento sem precedente das taxas de tabelas dos preços  de produtos exportados bem como a cobrança ilicíta para permitir a fuga ao fisco.

Número de violadores de fronteiras tende a crescer

Número de violadores de fronteiras tende a crescer
A intensificação da vigilância nas fronteiras moçambicanas, esta trazer resultados significativos uma vez que o combate contra a violação das fronteiras tende a aumentar a cada dia que passa, apesar disso a polícia fronteiriça tem feito um trabalho rigoroso que culmina com a detenção dos violadores da mesma, não obstante o número reduzido de efectivos para estancar a pandemia.

Livaningo produz fogões melhorados

Livaningo produz fogões melhorados
Decorre desde a manhã de hoje, uma formação de agentes comunitários em matéria de fabrico de fogões melhorados com o propósito de minimizar os efeitos negativos do uso da lenha e do carvão vegetal sobre o meio ambiente.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Aborto continua a matar no país

Aborto continua a matar no país
O ABORTO continua a matar em Moçambique. A classe médica, socorrendo-se de estudos realizados em 1997, indica uma situação dramática, dando conta de que 44,3 porcento de mulheres que entram na maternidade para tratamento é em virtude de complicações resultantes de abortos inseguros. Segundo os médicos, os registos actuais mostram que estes índices se mantêm. Onze porcento de mortes maternas resultantes de complicações com gravidez têm como causa principal o aborto inseguro. Esta tragédia poderia ser evitada se medidas adequadas fossem tomadas.
As mulheres, sobretudo jovens, recorrem a todos os meios para provocarem o aborto. Usam raízes de plantas, agulhas de crochet e outros instrumentos perfurantes, como forma de provocar o aborto. Falaram de casos de mulheres que chegam ao hospital com hemorragias, dores intensas de barriga e outras, ainda em situações em que os próprios médicos já não podem fazer nada para salvar as suas vidas, porque os órgãos internos já estão danificados. Das 540 mortes maternas anuais que ocorrem em Moçambique, 11 porcento estão relacionadas com aborto inseguro.
Segundo Hermengarda Pequenino, citando o referido estudo, o índice de ocorrência de fatalidade entre as mulheres que se apresentam no Hospital Central de Maputo com complicações derivadas de aborto inseguro é de três porcento, havendo muitas outras mulheres que morrem antes de chegar ao hospital, não sendo, por isso, efectuado o registo das suas mortes. Isso não acontece só em relação a Maputo, como um pouco por todo o país, sobretudo onde não existe um serviço de obstetrícia.
Estes factos são resultado da criminalização do aborto. É que em Moçambique, o aborto continua a ser ilegal, tal como estabelece o artigo 358 do Código Penal de 1886 e herdado em 1975. É neste sentido que o aborto inseguro, que é realizado de forma clandestina, aparece como forma de escolha facilmente acessível para resolver o problema de uma gravidez indesejada, usando as mulheres qualquer que seja o meio para atingir tal objectivo. É assim que um bom grupo da sociedade, sobretudo organizações que lutam pelo bem-estar da mulher, defende a descriminalização do aborto, como forma de abrir espaço para que seja a própria mulher a decidir se quer ou não ter filho.
Dados revelados no encontro de ontem indicam que o aborto inseguro figura agora como a terceira causa de mortalidade materna, graças às intervenções feitas pelas autoridades da Saúde no sentido de se oferecerem serviços de aborto seguro e cuidados pós-aborto em algumas unidades sanitárias. Há anos, o aborto já foi a primeira causa da mortalidade materna.
Coutinho Macanandze: fonte