terça-feira, 9 de outubro de 2012

A pobreza reside na mente das pessoas afirma Leonardo

Leonardo Macamo, tem 34 anos de idade, pai de quatro filhos, natural da província de Inhambane, distrito de Vilanculos e reside actualmente no bairro da Zona verde, arredores na cidade da Matola, onde busca o meio de sobrevivência através da venda de artigos como zips, botões, linha de costura entre outros, e diz que só passa fome quem nada faz. 
Texto de: Coutinho Macanandze
Por mais que o país, seja pobre é necessário que todos nós façamos algum sacrifício para garantir no mínimo um pão, para matar a fome diariamente.
“Quando cheguei em Maputo, deixei o orgulho de lado e comecei a deambular pela cidade a vender artigos de bijuteria como ambulante e isto não tirou a minha dignidade, antes pelo contrário estava lutar para garantir a minha subsistência e mostrar as pessoas que carregar um saco, bacia ou caixa no mercado, é uma forma digna e honesta de vencer a pobreza”, comenta Leonardo. Para depois sublinhar que a pobreza só reside na mente dos moçambicanos que querem que o estado faça algo por eles.
O nosso entrevistado conta que, deslocou-se a cidade de Maputo, no longínquo ano de 1990, devido na altura da ocorrência da guerra civil, como forma de fugir dos ataques dos homens armados que o ameaçavam atacar a qualquer momento e olhavam na capital um local seguro para esconder-se.
A guerra dos 16 anos por um lado impediu Leonardo, de frequentar a escola ainda na tenra idade aliado ao facto de as condições financeiras não terem contribuído para que o mesmo se concretizasse.
Três anos depois, isto em 1993, muda de negócio por influência dos amigos e abraça a venda de botões, zips, linha de costura, defronte das lojas de tecidos no bairro do Xipamanine, seu meio de sobrevivência até então.
Conta que o seu capital inicial, foi de 200 meticais, que hoje se orgulha do trabalho que faz uma vez que construiu uma habitação na sua terra natal e é detentor de uma criação de gado caprino e uma terra extensa que herdou do pais então falecidos, o que deixou-o órfão dos pais desde 2008.
Diz que por não ter estudado ainda menor, abriu espaço para que cedo valorizasse o trabalho como seu grande ofício e principal meio de obtenção de dinheiro para pagar a renda de casa, alimentação, escola e vestuário.
 A falta de uma Fábrica dos produtos que comercializa no país tem sido uma grande dificuldade uma vez que é obrigado a deslocar-se a terra do rand (República da África sul), para compra-lo, acabando por tornar caro o negócio reduzindo e contribuindo para que não ganhe quase nada devido a oscilação da moeda sul-africana.
A taxa do transporte cobrada na fronteira é muito alta, o que por vezes faz com que abdique da alimentação para o trânsito da sua mercadoria.
A fonte conta que o negócio, só tem saída quando vendido defronte das lojas que comercializam tecidos, o que faz com que estes se instalem próximos desses centros comerciais, acabando por disputar o passeio com os munícipes daquela zona periurbana.  
Questionado sobre a necessidade de venderem numa banca com condições mínimas para o fazer, retorquiu, “ Não vale a pena, porque os clientes compram tecidos nas lojas e a  sua saída compram os nossos produtos e  se assim acontecer será o fim do nosso ganha pão”.
No entanto, Leonardo tem a tarefa de estar duplamente vigilante, isto é, atender os clientes e observar se não vê diante de ti um polícia municipal para o retirar do passeio, por isso, exige dele flexibilidade para arrumar as trochas e correr com ele ao ombro.
Na capítal moçambicana, reside numa casa alugada á 800 meticais mensais, valor que segundo ele é razoável, uma vez que consegue vender ao mínimo entre 300 a 500 meticais diários, dinheiro suficiente para satisfazer  as suas necessidades básicas e da família que se encontra a residir em Vilanculos.
O grande desafio do Leonardo, passa por apostar na formação dos filhos e de si mesmo, bem como melhorar as condições para alargar o nível do volume do negócio, coisa que a guerra e a pobreza retardaram para si.
 Apesar da idade avançada, o nosso entrevistado encontra-se a frequentar a 9ªclasse, na escola Secundária da Zona verde com o propósito de materializar o teu sonho de infância que passa por especializar-se na reparação de automóveis, ou seja, mecânica.
“Chega de estarmos a murmurar e culpar o governo, porque a pobreza esta reside na mente das pessoas, e não devem esperar que oportunidades de emprego caiam do céu, porque nós é que criamos tais oportunidades”, rematou Leonardo.
Conta ainda que a distância o impede de cuidar, educar e usufruir do carinho dos filhos, mas sublinha que o pouco tempo que tem estado com os menores aproveita ao máximo.
Contudo não descarta a possibilidade de um dia vir a ser um grande criador de várias espécies de gado, com particular enfoque o gado caprino e ovino, uma vez que terra para pastagens tem de sobra.
Leonardo, deixa um conselho a todos cidadãos nacionais, que devem deixar de lamentar, choramingar pelos cantos esperando que o governo faça tudo por nós, temos é que arregaçar as mangas e trabalharmos em prol do desenvolvimento social, humano e económico de Moçambique.