quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Eneas da Conceição Comiche fala da sua vida politica

1.Quando é que desperta a sua consciência política, ou seja, quando e em que circunstância desenvolve o sentimento de revolta contra o regime colonial português?
Esse sentimento de revolta contra o regime colonial português fui ganhando no dia-a-dia à medida que crescia. Era o tratamento discriminatório na escola, nos passeios, nos locais de diversão, nas salas de cinema e mesmo nas lojas onde íamos comprar bens de consumo, em que os cantineiros colonos tratavam melhor os seus cães do que os seus clientes pretos.

Lembro-me de que, certa noite, fui acusado de ter roubado não sei o quê de uma loja que se situava a escassos metros da casa dos meus pais no bairro de Chamanculo. Meteram-me na cadeia do Bairro Indígena.

No dia seguinte, de manhã cedo, fui levado a pé, amarrado com outros presos, caminhando pelas ruas da cidade de Lourenço Marques, percorrendo toda a Av. Angola, passando pela Av. 24 de Julho, até chegarmos ao Comando da Policia, no sitio onde ainda funciona. Senti uma grande humilhação e revolta contra a injustiça perpetrada e pela impotência de nada poder fazer. Já era aluno do ensino secundário o que para o cantineiro analfabeto era inconcebível. Sabia através dos meus pais e meus tios a humilhação por que passaram.

Fui membro do NESAM – Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique, onde desempenhei as funções de Tesoureiro. Aqui, vencemos preconceitos tribais, aprendemos a valorizar a nossa cultura, ganhámos maior consciência de que moçambicanos eram explorados e ganhámos maior revolta contra o jugo colonial.

Nós tínhamos ali, no Núcleo, o berço do nacionalismo moçambicano. Foi aí que nos apercebemos de que éramos moçambicanos e que estávamos a ser subjugados. Foi aí que começamos a conhecer as nossas origens, um passo imprescindível para a nossa libertação.

2.Foi dos poucos moçambicanos que se formou no tempo colonial, em Portugal. Que momentos e recordações guarda dessa época?
Foi, porém, quando tive oportunidade de continuar os estudos em Portugal, que se foi consolidando a minha formação política. Aqui, tive contacto com companheiros moçambicanos, angolanos e outros, na Casa dos Estudantes do Império.

Fui desenvolvendo a consciência de nacionalismo africano. Essa consciência de nacionalismo africano foi-se desenvolvendo naturalmente entre nós de colónias diferentes, unidos na tentativa de encontrarmos formas de luta política contra o sistema colonial português.

Em Portugal, vivíamos num ambiente de tensão devido a provocações sistemáticas, através de violação de correspondência e perseguições constantes da PIDE. Esta, estava por todo o lado, mesmo nas universidades. Escutava as nossas conversas mesmo ao telefone. Para conversarmos à vontade, devíamos antes verificar quem é que estava ao nosso lado, quer nas residências, nos cafés, nas paragens de transportes, quer nos nossos encontros na CEI.
 Lembro-me que tínhamos encontros numa casa localizada na Alameda das Linhas de Torres. Aí, realizávamos também grandes debates políticos entre pessoas seleccionadas mas, muitas vezes, as nossas conversas transpiravam cá para fora.

Durante o curso universitário no Porto, aderi a trabalho político clandestino, de entre estudantes progressistas, de contestação e denúncia à guerra colonial. Este grupo estava ligado à colecção de antologias “Afrontamento” e à “Cooperativa Confronto”.
Na qualidade de Governador do Banco de Moçambique, participei na elaboração do Programa de Ajustamento Estrutural, conhecido por Programa de Reabilitação Económica e Social, que foi implementado com sucesso, Foi iniciada a reforma do sistema cambial, bem como a reforma do sistema financeiro, tendo licenciado os primeiros bancos estrangeiros a casas de câmbio.

Fiz parte ainda na elaboração da legislação sobre a conversão da dívida moçambicana, relativa a empréstimos e financiamentos registados oficialmente, em investimentos, na elaboração de Lei do Investimento Privado Nacional, estive em frente de delegações que negociaram o reescalonamento da dívida externa moçambicana com o Clube de Paris e com o Clube de Londres, tendo sido concluído com sucesso a operação de debt buy back da dívida comercial de Moçambique e também fiz parte das delegações que negociaram com o Banco Mundial financiamentos para projectos e programas.
Na qualidade de Governador do Banco de Moçambique, participei na elaboração do Programa de Ajustamento Estrutural, conhecido por Programa de Reabilitação Económica e Social, que foi implementado com sucesso, Foi iniciada a reforma do sistema cambial, bem como a reforma do sistema financeiro, tendo licenciado os primeiros bancos estrangeiros a casas de câmbio.

Fiz parte ainda na elaboração da legislação sobre a conversão da dívida moçambicana, relativa a empréstimos e financiamentos registados oficialmente, em investimentos, na elaboração de Lei do Investimento Privado Nacional, estive em frente de delegações que negociaram o reescalonamento da dívida externa moçambicana com o Clube de Paris e com o Clube de Londres, tendo sido concluído com sucesso a operação de debt buy back da dívida comercial de Moçambique e também fiz parte das delegações que negociaram com o Banco Mundial financiamentos para projectos e programas.

Como, Ministro das Finanças contribui para o início da reforma fiscal visando o aligeiramento da carga fiscal e o alargamento da base tributária, a elaboração de legislação fiscal atractiva ao investimento nacional e estrangeiro, nomeadamente do Código de Benefícios Fiscais.

Tive a nobre missão de imprimir maior racionalidade na realização de despesas públicas, em particular na redução dos gastos com a defesa, promoção do programa de privatizações, mobilização de recursos externos para o financiamento do Programa de Reabilitação Económica e Social e a reintegração económica e social dos desmobilizados no âmbito do Acordo Geral de Paz, na qualidade de Chefe de delegação do Governo na Comissão de Reintegração.

Comandante da polícia municipal da Cidade de Maputo abusa do poder

Um grupo de funcionários da direcção da polícia municipal de Maputo, acusa o comandante de estar a fazer promoções, despromoções, desrespeito aos oficiais e chefes de ramos desta polícia, nepotismo, assédio sexual em troca de promoções e nomeações arbitrárias, desvio de bens apreendidos e perseguições aos agentes que tentam denuncia – lo, entre outras.