quinta-feira, 18 de abril de 2013

Inhagoia ” B”, um bairro órfão de infra-estruturas sociais básicas

Inhagoia ” B”, é um bairro abandonado à sua própria sorte, dos mais antigos bairros suburbanos da cidade de Maputo, com uma população estimada em 16.153 habitantes. Tem uma taxa de desemprego acima de 50 porcento. Onde grande parte dos moradores dedica-se a actividades económicas informais, entre jovens e adultos, principalmente a produção de hortícolas, venda de alguns produtos alimentares em pequenas bancas.
Texto: Coutinho Macanandze
Inhagoia ” B” é limitado pelos bairros de Inhagoia “A” e Jardim, e constituído por dois comités da zona e 54 quarteirões, todos eles desprovidos de serviços sociais básicos. No entanto ainda há muitos problemas que assolam o bairro, dos quais o gritante dilema do desordenamento territorial, saneamento do meio deficiente, rede sanitária inexistente, mercados e escolas secundárias.
Somente tem uma escola primária completa e uma escolinha, com o mesmo nome do bairro, única salvação dos petizes, embora não consiga absorver todas as crianças em idade escolar.
Em relação ao aumento da criminalidade no bairro Inhagoia ” B”, apesar de não existir nem sequer um posto policial, os meliantes andam longe daquele bairro residencial.
Potencial inaproveitado
Ao contrário dos outros bairros, ele pode orgulhar-se das suas potencialidades de terra fértil propícia para prática da agricultura, facto que vulnerabiliza a zona a inundações sistemáticas ano-pós-ano, onde chega a influenciar muitos moradores a dedicarem-se a produção de hortícolas e além de esporadicamente alguns optarem pelo comércio informal, em pequenas bancas improvisadas nas bernas da Avenida de Moçambique.
O secretário do bairro, Aurélio Nhalungo aponta como grandes desafios do bairro, a criação de oportunidades de emprego, construção de infra-estruturas sociais básicas quase que inexistente, transformação da baixa do rio Mulauzi, em grande celeiro para produção de arroz, uma vez existirem potencialidades para o efeito, nomeadamente solo fértil e condições hídricas propícias para irrigação.
Pretensão que segundo Aurélio Nhalungo está refém da transferência definitiva das pessoas que residem nas zonas baixas.
Mas, diga-se, esse retrocesso vem testemunhar a desordenada miséria que cresce à mesma velocidade da débil condição financeira dos moradores, fazem uma grande ginástica para conseguir o pouco para o seu sustento.
Falta espaço para lazer
A transformação de muitos espaços em habitações desordenadas, estão a retirar aos moradores daquele bairro e as crianças, espaço de lazer, facto que deixa o bairro sem parques escolares, campos de diversas modalidades, para prática de actividades físicas, saraus culturais, e entre outros.
Aurélio Nhalungo sublinha que, apesar da falta de locais de diversão, há uma pequena luz no fundo do túnel, para reabilitação do jardim zoológico encerrado há duas décadas, onde prevê-se a compra de 3.000 espécies animais para atenuar extrema orfandade no que ao lazer diz respeito no bairro.
 Saneamento deficiente
Inhagoia ” B”, dispõe de uma associação responsável pela recolha e tratamento do lixo, com o propósito de manter a zona residencial limpa, evitando desta forma a proliferação de cheiros nauseabundos que propiciam a propagação de doenças como a cólera e diarreias. Além da eliminação de charcos para evitar a reprodução de mosquitos principais causadores da malária.
 O esforço dos associados segundo o secretário do bairro, Aurélio Nhalungo, tem sido deitado abaixo, devido a morosidade na recolha do lixo, por parte do município, facto que tem contribuído para a ocorrência de casos de malária e tuberculose, devido ao deficiente saneamento de meio.
Em todo bairro faltam latrinas, mas a situação é amenizada pelo PAMODZI, através da construção de latrinas melhoradas e ecológicas, este último para conservação de urina e fezes, visando transforma-los em fertilizantes.
Aurélio Nhalungo realça que apesar de os moradores pagarem a taxa de lixo, ainda não beneficiam da recolha de resíduos sólidos com celeridade. O que tem contribuído para a poluição ambiental, uma vez que o lixo provoca um cheiro fedorento, devido a longa espera para sua recolecção.
Centro de saúde cada vez mais distante
Marta Guambe reside naquele bairro, onde conta que a falta de uma unidade sanitária, obriga os moradores a deslocarem-se ao hospital José Macamo, porque não há sinais e nem esperança de o mesmo poder vir a acontecer no bairro, porque o espaço escasseia em face do crescimento de infra-estruturas habitacionais que impede a construção de escolas, estradas, hospitais e entre outros serviços de utilidade pública.
A situação de acordo com Marta, não dá outra alternativa aos moradores, senão deslocar-se ao centro da cidade para os tratamentos médicos e onde também existe algumas pessoas que recorrem aos médicos tradicionais como forma de reduzir os gastos em transporte.
A situação é mais difícil para as mulheres grávidas que chegam a dar à luz em casa. A maior parte dos residentes de Inhagoia ” B” prefere deslocar-se ao Hospital Geral José Macamo, a unidade considerada mais próxima.
Temos brigadas de saúde
As brigadas de saúde, funcionam como activistas que se desdobram em acções de campanhas de saúde, através da organização e realização de testes de HIV/SIDA, boas praticas de higiene individual e colectiva e bem como sobre a vida sexual e reprodutiva.
Facto que no entender de Aurélio Nhalungo, permitiu com que mais pessoas tomassem a iniciativa de fazer o teste e na introdução de cuidados básicos sanitários. Que impulsionou a redução de casos de cólera, diarreia e malária.
Segundo reza a história o nome Inhagoia foi atribuído porque na altura existia um barco, cujo proprietário era de nacionalidade portuguesa, dono de uma loja que batia na cabeça (Gotwana) dos trabalhadores, estes acabavam chamando o patrão de Goia, que culminou com o surgimento do nome do bairro Inhagoia.           
 

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